Não há dúvidas de que o crescimento saudável empresarial está diretamente associado à forma como o líder exerce suas funções. Da mesma forma, não se questiona que esse é um papel extremamente desafiador, pois exige o equilíbrio perfeito entre a autoridade da liderança e o respeito à autonomia dos subordinados. Nesse sentido, entra em cena um termo talvez não muito conhecido dentro das empresas: o microgerenciamento.
O microgerenciamento pode ser entendido como a face negativa da gestão de pessoas. É um modelo de gerenciamento de equipes em que o líder atua interferindo detalhada e excessivamente nas condutas dos seus subordinados, seja por falta de confiança, seja por desconhecer os efeitos negativos que essa postura representa.
É certo que o papel do líder é estar próximo das equipes, orientando e emitindo ordens, sempre que necessário. No entanto, essas funções devem ser executadas de forma equilibrada, preservando a autonomia dos profissionais. Logo, percebe-se que o microgerenciamento é uma prática não recomendada.
Dada a importância desse tema no contexto empresarial, preparamos este artigo para abordá-lo mais detalhadamente. Acompanhe!
Como identificar o microgerenciamento nas organizações?
Na maioria dos casos, o microgerenciamento não é sequer percebido pelo gestor. Isso porque, ao microgerenciar sua equipe, o gestor o faz na melhor das intenções, buscando evitar erros, dúvidas ou eventuais problemas.
Apesar disso, existem situações que podem indicar a ocorrência do microgerenciamento. A seguir, listamos algumas delas para auxiliar você na identificação desse problema. Confira!
Falta de autonomia dos profissionais
Esse é um forte indicativo de que o líder está interferindo excessivamente na rotina dos seus profissionais. Quando as equipes não conseguem tomar decisões simples autonomamente e recorrem ao gestor a todo momento, isso pode significar um certo receio em agir por conta própria, ou pode indicar a existência de uma cultura de aprovação do líder para toda e qualquer ação a ser desempenhada.
Baixa produtividade
Outro ponto capaz de mostrar que o microgerenciamento está presente dentro da empresa é a baixa produtividade das equipes. Isso ocorre porque os empregados acabam ficando limitados operacionalmente, devendo recorrer ao líder constantemente.
A exemplo, durante a execução de uma tarefa, a equipe p20ode se deparar com um problema simples, o qual poderia ser rapidamente solucionado, caso os funcionários fossem estimulados a agir com autonomia e tivessem liberdade para isso.
Entretanto, quando o microgerenciamento se instala, até mesmo decisões simples acabam dependendo do crivo do gestor, quebrando a produtividade e atrasando o fluxo de tarefas. Ao longo de um ano, por exemplo, essa realidade pode causar impactos significativos nos resultados da empresa.
Quais são os principais malefícios dessa prática?
Como dito, o microgerenciamento é uma prática prejudicial para a empresa. Tal fato se deve a uma série de efeitos negativos que ela é capaz de gerar nas equipes e, principalmente, sobre os resultados do negócio. Confira, a seguir, os principais malefícios trazidos pelo microgerenciamento!
Desmotivação das equipes
Quando se trata da gestão de pessoas, é natural que nenhum profissional goste de ser monitorado de forma invasiva a todo momento. A figura do líder interferindo excessivamente no seu trabalho, questionando tudo e solicitando esclarecimentos, relatórios e fazendo todo tipo de determinação sobre como e quando cada atividade deve ser desempenhada, certamente é algo desmotivador.
Esse tipo de postura, além de tirar toda a autonomia do profissional, também afeta sua autoestima, pois faz parecer que o gestor não confia no trabalho da equipe ou não acredita no seu potencial. Ou seja, o microgerenciamento, na prática, acaba por causar o efeito contrário do que o líder espera.
Insatisfação dos profissionais gerenciados
O microgerenciamento, mesmo que desenvolvido com a melhor das intenções pelo gestor, acaba por desencadear uma grande insatisfação nos empregados. Isso porque ninguém se sente confortável sendo cobrado de maneira excessiva, nos detalhes, enquanto trabalha.
Como efeito, essa realidade pode prejudicar o rendimento do profissional ou de toda uma equipe, ao gerar uma pressão desnecessária e um clima organizacional tóxico. Além disso, essa insatisfação pode ocasionar um maior índice de turnover dentro da empresa — o que também é algo extremamente prejudicial.
Sobrecarga de trabalho sobre o líder
O líder que microgerencia a sua equipe, se encarregando dos mínimos detalhes das atividades, certamente passará mais tempo fiscalizando o trabalho do que propriamente o avaliando de forma estratégica para buscar melhorias.
Ou seja, na prática, o microgerenciamento gera uma sobrecarga de trabalho ao gestor, que se ocupa demasiadamente com funções que poderiam ser facilmente desempenhadas pelos empregados, caso esses tivessem autonomia e liberdade para tanto.
Como melhorar essa situação?
Reverter o microgerenciamento dentro da empresa não é uma tarefa complexa. Na realidade, isso é mais uma questão de mudança na cultura interna e de autocrítica por parte do gestor. Adiante, reunimos algumas dicas que pode contribuir para a construção de uma gestão mais eficiente. Vejamos!
Delegue funções
O primeiro passo para se acabar com o microgerenciamento é descentralizar algumas atividades. É bem verdade que o gestor precisa estar a par de tudo que acontece dentro da empresa. Porém, ele não pode e nem deve deter todas as responsabilidades.
As equipes necessitam de autonomia para agir, mostrar suas habilidades e o seu potencial. Para isso, uma postura recomendada é a de delegação de tarefas. Essa atitude estimula a autonomia dos profissionais, além de reforçar a confiança.
Otimize a comunicação
Um verdadeiro líder é aquele que entende que a comunicação é uma via de mão dupla. Ou seja, ao mesmo tempo em que é necessário falar, dar ordens e gerenciar, é necessário também saber ouvir e abrir espaço para que os funcionários opinem.
No microgerenciamento, é muito comum que apenas o gestor tenha vez e voz. No entanto, em um modelo de gestão mais participativo, colaborativo e eficiente, a comunicação é bilateral, em que todos opinam e contribuem mutuamente.
Faça uma autoavaliação
Como dito inicialmente, muitas das vezes o gestor nem percebe que é um microgerenciador e interfere excessivamente na rotina da sua equipe. Por essa razão, um dos caminhos para se mudar essa realidade é fazer não só uma autoanálise, e uma autocrítica em relação à postura do gestor.
É fundamental identificar os momentos em que a gestão excede o necessário, atrapalha o rendimento dos profissionais ou mesmo os desmotiva. Do contrário, dificilmente se consegue promover mudanças realmente efetivas.
Por fim, gerenciar as equipes, estabelecer metas, estimular o bom trabalho e motivar cada um dos seus membros sem dúvida estão entre as funções de um bom líder e que são decisivas para os resultados da empresa. Porém, quando essas tarefas são desempenhadas de forma excessiva, isto é, retirando a autonomia dos seus subordinados, o microgerenciamento pode estar presente, prejudicando o verdadeiro alcance de resultados.
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